Também chamada de cirurgia bariátrica, a gastroplastia consiste basicamente em remodelar o tamanho do estômago do paciente obeso ou modificar o contato do alimento ingerido com o tubo gástrico. Antes que esse paciente opte pela intervenção médica, ele precisa entender que a cirurgia não cura a obesidade, é apenas uma forma de controle da doença. O procedimento cirúrgico é o único método que resulta em manutenção em longo prazo da perda de peso e redução das chamadas doenças associadas. É responsável por promover uma grande melhora na qualidade de vida do paciente, promovendo o incentivo à interação social e o bem-estar psicológico.

As cirurgias realizadas pelo Núcleo de Tratamento da Obesidade derivam da laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva para redução do estômago. A maior novidade no segmento é a cirurgia robótica de gastroplastia, tecnologia que permite ao cirurgião mais visibilidade e habilidade na execução precisa dos movimentos. A cirurgia vídeo-laparoscópica também é uma das mais procuradas, já que os cortes grandes no abdome dão lugar a pequenos orifícios, por onde passa uma lente conectada a uma câmera de vídeo em alta definição.

Ambas as abordagens apresentam grandes vantagens em relação à cirurgia convencional, como menor dor pós-operatória e menor risco de complicações cardiopulmonares, além de uma recuperação mais rápida do paciente.



Gastroplastia robótica



A cirurgia robótica é realizada desde 1999. É uma cirurgia com alta qualidade técnica, o que significa que a dissecção e costuras dos tecidos e órgãos são feitas com delicadeza, as complicações são inferiores às da cirurgia vídeo-laparoscópica, tem alta performance, conforto para o cirurgião e segurança para o paciente.

O sistema robótico é composto por um console, onde o cirurgião opera confortavelmente com visão em 3D, pinças que dão precisão à mão humana e imagem da câmera em full HD. O cirurgião, no console, literalmente entra na cavidade abdominal do paciente. Um computador integra as informações entre o console e o robô e centraliza a imagem e os movimentos com alta precisão. A relação entre o cirurgião e o aparelho é chamada de master/slave, o que significa que o robô precisa do cirurgião para ser comandado. Não opera sozinho.

O Núcleo de Tratamento da Obesidade é referência na cirurgia, tendo o Dr. Luiz Alfredo Vieira D’Almeida operado com o método desde 2012, reunindo oito certificações internacionais e participando de congressos onde falou sobre sua experiência com a técnica.

Tipos de cirurgia

Existem três mecanismos de abordagens para interferir na balança entre a ingestão e a absorção dos alimentos: as cirurgias restritivas, as disabsortivas e as mistas.

Cirurgias restritivas

Diminuem a ingestão de alimentos através da redução do tamanho ou da capacidade do estômago. São elas:

» BALÃO INTRAGÁSTRICO – É colocado via endoscópica um balão que preenche a cavidade gástrica e diminui a capacidade de armazenamento.
É geralmente utilizado como preparo pré-operatório dos pacientes chamados super obesos (IMC maior que 60), facilitando a técnica cirúrgica e diminuindo os riscos da cirurgia. Também pode ser utilizado em pacientes com risco cirúrgico proibitivo. A maior desvantagem desse procedimento é a possibilidade de recuperação do peso inicial do paciente.



» GASTRECTOMIA VERTICAL – Consiste na retirada da grande curvatura do estômago, formando apenas um pequeno tubo para armazenar alimento. Entre as vantagens está a fácil execução da perda e manutenção do peso, comparada às cirurgias mistas. A manutenção é mais difícil, no entanto, quando comparada a que combina algum método de disabsorção. A técnica também pode ser realizada como primeira etapa em super obesos.

Em se falando de cirurgias restritivas, há ainda a BANDA GÁSTRICA, que é a mais simples dentre essas cirurgias, porém implica em maior número de complicações no pós-operatório do paciente. Há relatos de grande frequência de vômitos e dificuldade na perda de peso. Por isso, não realizamos essa cirurgia no Núcleo de Tratamento da Obesidade.



Cirurgias disabsortivas

Consistem na diminuição do contato do alimento com o tubo gastrointestinal. São elas:

» DERIVAÇÃO BILIO-PANCREÁTICA (CIRURGIA DE SCOPINARO) – Também reduz o tamanho do estômago, mas sua principal característica é a anatomia do intestino delgado, que é modificada para diminuir a absorção intestinal. Logo, a mistura do alimento ingerido com suco bilio-pancreático ocorre apenas no final do intestino, levando a uma acentuada disabsorção de calorias e nutrientes. Tem a melhor manutenção de peso em longo prazo e preserva a capacidade de uma alimentação adequada. No entanto, há o risco de deficiência de vitaminas e minerais, desnutrição, diarreia e flatulência.

» DERIVAÇÃO BILIO-PANCREÁTICA DUODENAL (DUODENAL SWITCH) – Utiliza o mesmo principio da cirurgia anterior, mas com a retirada do estômago de forma vertical e preservação do piloro (válvula de saída), fazendo com que o paciente tenha capacidade de se alimentar em níveis próximos do habitual após alguns meses. Permite grande perda de peso e boa capacidade de alimentação. Porém, é uma técnica mais complicada de ser feita e pode gerar flatulência excessiva. É indicada apenas para super obesos, com indicações precisas.



Cirurgias mistas

Associação das cirurgias restritivas e disabsortivas. A técnica realizada pela clínica é a GASTROPLASTIA REDUTORA EM Y DE ROUX. Consiste em uma pequena bolsa gástrica para reconstrução do trato alimentar através de alça jejunal, formando um Y com exclusão de grande parte do estômago, do duodeno e parte do jejuno. Dessa forma, o alimento passa mais rápido pelo trato gastrointestinal. É considerada o padrão ouro da cirurgia da obesidade mórbida e é a mais realizada no Brasil e nos Estados Unidos. Entre as vantagens está a boa perda e manutenção do peso. É bem tolerada pelos pacientes e tem poucas complicações a longo prazo.



Recado do Doutor

“A cirurgia não será automaticamente bem sucedida sem a cooperação do paciente, nem terá benefícios sem os riscos. O sucesso do tratamento cirúrgico depende, portanto, de seu entendimento sobre as alterações que ocorrem em sua vida, de sua aceitação às restrições e, sobretudo, de sua cumplicidade com nossa equipe”.
(Luiz Alfredo Vieira d’Almeida)